O tempo é fugaz e sinuoso.

A relatividade do tempo é fugaz e sinuosa. O que é agora, não será daqui a um segundo — tudo passa. Um ser está à beira do fim de sua existência, enquanto outro está no início. É como uma corrida de revezamento, em que um corpo morre e outro nasce no mesmo instante, um termina e o outro começa.

Imagine duas almas se tocando as mãos: uma entrega, enquanto a outra recebe. Assim, nós existimos, literalmente, sem pejo e, muitas vezes, sem alegria. Um recebe o grilhão que é o corpo, enquanto o outro se liberta dele e flui. Nada existe de fato — tudo não passa de ilusão. Aquele que está prestes a se livrar do corpo espera; aquele que está prestes a recebê-lo também.

Em nossa existência, há sempre o fator de espera, e nunca sabemos, de fato, o que virá. Certa vez, perguntei a um homem muito rico: “Como você conseguiu tanto dinheiro?”. Ele respondeu: “Eu não sei.” E é assim. Nós não sabemos, pois o mesmo esforço que constrói o rico pode igualmente formar o pobre — um tem e o outro não.

Mais uma vez, afirmo: o tempo é relativo ao ponto de abstração onde estamos inseridos. Tudo é uma quimera; nada é verdadeiramente real. Pois só existe aquilo que não pode ser destruído. O que pode ser destruído não vem de Deus e, se não é de Deus, simplesmente não existe. Afinal, apenas Deus e o que é Dele são eternos.

The relativity of time is fleeting and sinuous. What is now will not be in a second — everything passes. One being is on the verge of the end of its existence, while another is at the beginning. It is like a relay race, in which one body dies and another is born at the same moment, one ends and the other begins.

Imagine two souls touching hands: one gives, while the other receives. Thus, we exist, literally, without shame and, often, without joy. One receives the shackle that is the body, while the other frees itself from it and flows. Nothing really exists — everything is just an illusion. The one who is about to free himself from the body waits; the one who is about to receive it also waits.

In our existence, there is always the element of waiting, and we never really know what will come. I once asked a very rich man: “How did you get so much money?” He replied: “I don’t know.” And so it is. We do not know, because the same effort that builds the rich can also form the poor — one has it and the other does not.

Once again, I affirm: time is relative to the point of abstraction where we are inserted. Everything is a chimera; nothing is truly real. For only that which cannot be destroyed exists. What can be destroyed does not come from God and, if it is not from God, it simply does not exist. After all, only God and what is His are eternal.