Da formação de conceitos sociais

Ouço, não raramente, pessoas afirmarem que opinião não deve ser discutida. No entanto, acredito, humildemente, que convicções merecem e devem ser debatidas. Afinal, a consciência de um povo é construída a partir de perspectivas individuais, que funcionam como pequenos tijolos, estruturando toda a existência de uma sociedade humana. O que você pensa a respeito?

Quando duas ou mais pessoas se reúnem para discutir uma ideia com respeito e humildade, todas saem enriquecidas. Essa troca gera a formação de paradigmas capazes de orientar os comportamentos dentro de uma comunidade. As leis, por sua vez, devem nascer justamente da consolidação desses conceitos.

A ideia de que as leis devem ser interpretadas, ao meu ver, é um engano. Se uma lei é passível de múltiplas interpretações, talvez ela nem mesmo possa ser considerada uma lei de fato. Afinal, o conceito de lei deveria ser como trilhos sólidos, guiando a consciência de um povo. Quando essas leis se tornam abertas à interpretação, cria-se um terreno perigoso, onde o bandido e o justo passam a ser julgados de forma contraditória.

A função de um filósofo, portanto, não é criar paradigmas de maneira unilateral, mas conduzir discussões produtivas que possibilitem alcançar consensos justos. Tais consensos devem atender às necessidades de todos, sempre buscando a verdade — ainda que saibamos que ela é relativa.

I often hear people say that opinions should not be discussed. However, I humbly believe that convictions deserve and should be debated. After all, the conscience of a people is built from individual perspectives, which function as small bricks, structuring the entire existence of a human society. What do you think about this?

When two or more people come together to discuss an idea with respect and humility, everyone comes away enriched. This exchange generates the formation of paradigms capable of guiding behavior within a community. Laws, in turn, should arise precisely from the consolidation of these concepts.

The idea that laws should be interpreted, in my opinion, is a mistake. If a law is subject to multiple interpretations, perhaps it cannot even be considered a law in fact. After all, the concept of law should be like solid rails, guiding the conscience of a people. When these laws become open to interpretation, a dangerous terrain is created, where the criminal and the just begin to be judged in a contradictory way.

The role of a philosopher, therefore, is not to create paradigms unilaterally, but to lead productive discussions that make it possible to reach fair consensuses. Such consensuses must meet the needs of everyone, always seeking the truth — even though we know that it is relative.