O bicho folharal e a nossa senda espiritual

O garoto gritou para o pai: — Pai, olha o bicho folharal!

Era nada mais, nada menos do que um camaleão, escondido entre as folhas da mangueira. O menino, com olhos atentos, aprendeu a perceber o lagarto quando este mudava de cor. Fascinado pela habilidade do réptil, deu-lhe um apelido carinhoso: o bicho folharal, aquele que se esconde entre as folhas.

A natureza tem dessas coisas. Enquanto desvela, também envela. Assim como Deus, que escondeu o amor em nossos corações. E é apenas quando olhamos para dentro que conseguimos percebê-lo, através do nosso olhar mais profundo e do desejo de nos libertarmos do açoite do tempo.

Poucas palavras podem representar o sentimento da alma. A vibração que eclode de dentro é mais sutil, mais profunda do que aquilo que as palavras conseguem conceber. Ainda assim, por meio do pensamento, tentamos traduzir esse sentimento, manifestado no mundo físico, aquilo que a sutileza da alma anseia realizar.

O cervo, ao ser visto pelo predador, traz consigo a certeza de que foi escolhido. E, com todo seu esforço, tenta fugir para longe. Mas o predador é voraz. E a natureza, em sua plenitude, desejando apenas existir, enlaça o corpo da presa. Então, liberta-o, permitindo que prossiga em sua ascensão dimensional. Assim é a vida: fluida, sem medo.

The boy shouted to his father: — Dad, look at the leaf-shaped creature!

It was nothing more, nothing less than a chameleon, hidden among the leaves of the mango tree. The boy, with attentive eyes, learned to notice the lizard when it changed color. Fascinated by the reptile's ability, he gave it an affectionate nickname: the leaf-shaped creature, the one that hides among the leaves.

Nature has these things. As it reveals, it also envelops. Just like God, who hid love in our hearts. And it is only when we look within that we can perceive it, through our deepest gaze and the desire to free ourselves from the lash of time.

Few words can represent the feeling of the soul. The vibration that erupts from within is more subtle, more profound than what words can conceive. Even so, through thought, we try to translate this feeling, manifested in the physical world, that which the subtlety of the soul yearns to accomplish.

The deer, when seen by the predator, is certain that it has been chosen. And, with all its effort, it tries to flee far away. But the predator is voracious. And nature, in its fullness, wanting only to exist, embraces the body of its prey. Then, it frees it, allowing it to continue its dimensional ascension. This is life: fluid, without fear.