A Alma e o Espelho

O verdadeiro poder não vem do corpo, que inerte, jaz sem voz, sem socorro. Chute um morto, e a verdade ressoa: a matéria, por si, não entoa.

A mente? Talvez. Mas de onde ela brota? Quem vibra por trás da ideia remota? É a alma, essência viva e ardente, que vibra o eterno na mente da gente.

A existência é desdobramento da Luz, vida que nunca começa nem conduz ao fim — apenas muda de estação, sopra em silêncio, pulsa no coração.

Mas muitos tentam roubar essa origem, erigem mentiras, sustentam vertigens. A alma do povo é pura e esquecida, sufocada por tramas da história perdida.

A ignorância é sombra que paralisa, cria ódio e medo como cicatriz antiga. O pavor da morte — essa ilusão traiçoeira — faz da vida uma prisão verdadeira.

Se ao menos soubéssemos: o corpo morre… só ele. A alma prossegue, caminha, é chama que nunca se apaga nem míngua.

E o espelho que tanto evitamos mirar é só o outro tentando nos mostrar que por trás da máscara, enfim, há um “eu” que clama por um novo jardim.

Quando enfim nos encararmos de frente, a transmutação será iminente. A alma desperta, coerente, serena — e o mundo renascerá além da cena.

The Soul and the Mirror (By Rick Steindorfer)

True power does not come from the body, which lies inert, without voice, without help. Kick a dead man, and the truth resonates: matter, by itself, does not sing.

The mind? Maybe. But where does it spring from? Who vibrates behind the remote idea? It is the soul, a living and ardent essence, that vibrates the eternal in the mind of the people.

Existence is an unfolding of the Light, life that never begins nor leads to an end — it only changes seasons, blows in silence, beats in the heart.

But many try to steal this origin, build lies, sustain vertigo. The soul of the people is pure and forgotten, suffocated by plots of lost history.

Ignorance is a shadow that paralyzes, creates hatred and fear like an old scar. The fear of death — this treacherous illusion — makes life a true prison.

If only we knew: the body dies... only the body. The soul moves on, it walks, it is a flame that never goes out or wanes.

And the mirror that we so avoid looking at is just the other trying to show us that behind the mask, finally, there is an “I” that cries out for a new garden.

When we finally look ourselves in the eye, transmutation will be imminent. The soul awakens, coherent, serene — and the world will be reborn beyond the scene.