A democracia e a luz da alma

Somos almas eternas. Descemos ao mundo para evoluir no meio da carne, porque é da resistência da matéria que nossa luz se lapida. Assim como pedras pontiagudas se tornam suaves no leito dos rios, pela persistência da água e pela firmeza do chão que sustenta tudo, também nós somos moldados pela experiência da existência. A vida nos força a existir — e, ao mesmo tempo, a intuir.

Ao pensarmos em nossa responsabilidade enquanto consciências eternas, diante do universo material que nos acolhe, podemos enxergar o sistema que nos limita não como um cárcere, mas como um mestre. A democracia, com suas regras e contradições, é esse aprendizado coletivo: ela nos ensina a viver em sociedade, a compartilhar o espaço e a escutar o outro.

Mais do que um conjunto de leis que restringem, a democracia é a manifestação viva da alma no tecido social. É como trilhos de luz conduzindo nossas jornadas, conectando consciências que se encontram neste plano para aprender, crescer e servir. Para isso, é preciso conhecer e ser.

Talvez o maior desafio de nosso tempo seja este: reconhecer no outro a continuidade de nós mesmos — como se fôssemos braços e pernas de um mesmo corpo espiritual. E, quando nossas crianças — que hoje são pura luz em carne — crescerem, serão elas que, imbuídas desse ensinamento, concretizarão um mundo mais justo e desperto.

We are eternal souls. We descend into the world to evolve in the midst of flesh, because it is from the resistance of matter that our light is shaped. Just as sharp stones become smooth in the riverbed, through the persistence of water and the firmness of the ground that supports everything, we too are shaped by the experience of existence. Life forces us to exist — and, at the same time, to intuit.

When we think about our responsibility as eternal consciousnesses, before the material universe that welcomes us, we can see the system that limits us not as a prison, but as a teacher. Democracy, with its rules and contradictions, is this collective learning: it teaches us to live in society, to share space and to listen to others.

More than a set of restrictive laws, democracy is the living manifestation of the soul in the social fabric. It is like rails of light guiding our journeys, connecting consciousnesses that meet on this plane to learn, grow and serve. To do this, it is necessary to know and to be.

Perhaps the greatest challenge of our time is this: to recognize in others the continuity of ourselves — as if we were arms and legs of the same spiritual body. And when our children — who today are pure light in the flesh — grow up, it will be they who, imbued with this teaching, will bring about a more just and awakened world.