O que os olhos não veem

Estou ao lado de uma deficiente visual, linda criatura, por dentro e por fora, estamos conversando e vou imaginando, como ela pode perceber o mundo, dentro do seu limite e, a expansão da sua percepção dado o seu limite sensorial, se ela não vê com os olhos com certeza, percebe com a alma.

Estou conversando com ela, outra vez eu quis perguntar o que ela via e ela me respondeu: não tenho como ter essa referência, pois não vejo para comparar. A existência é assim, cada um percebe o mundo de acordo com os seus sentidos e, os nossos sentidos físicos são limitados, e não vemos ainda com a alma.

Isso até mais parece uma tolice de ser falada, não é? Mas quando estamos diante da realidade e tentamos desfraldar-la, vemos o quanto o nosso conhecimento é limitado e profundamente irreal, sim irreal, por que a própria realidade insofismável é uma ilusão. Na conversa com ela eu vejo tudo isso.

Perguntei para ela, se ela ouve a minha respiração, ao que ela responde que sim e, eu sei que ela tem uma audição super aguçada e é capaz de guardar informações que nós, jamais conseguimos imaginar, mas que para ela é comum e bem procedente. Penso então que eu nada vejo a mais do que ela.

I am standing next to a visually impaired woman, a beautiful creature, inside and out. We are talking and I imagine how she can perceive the world within her limits and the expansion of her perception given her sensory limits. If she does not see with her eyes, she certainly perceives with her soul.

I am talking to her. Once again, I wanted to ask her what she saw and she replied: I cannot have that reference, because I cannot see to compare it. Existence is like this. Each person perceives the world according to their senses, and our physical senses are limited, and we still do not see with our soul.

This seems like a silly thing to say, doesn't it? But when we are faced with reality and try to unfurl it, we see how limited and profoundly unreal our knowledge is, yes, unreal, because the irrefutable reality itself is an illusion. In my conversation with her, I see all of this.

I asked her if she hears my breathing, to which she replied yes, and I know that she has very sharp hearing and is able to retain information that we could never imagine, but that for her is common and very real. I then think that I see nothing more than she does.