Pedido de Perdão e de Amor

Por quem fui e por quem desejo ser

Escrevo em silêncio, alma desnuda,

com as mãos unidas num gesto de prece.

O passado não mais me possui — sou o verbo que renasce.

Caminhei por trilhas sombrias,

sem saber que os passos feriam.

Hoje, imploro com olhos serenos:

Que me olhem com amor

e não com as dores que eu deixei.

Não peço absolvição das estrelas,

peço ternura ao coração humano.

Sei do peso que causei em almas belas, e mesmo assim, clamo:

Ama-me — como se fosse possível o recomeço.

Acredito nas vidas que voltam,

nas almas que se reencontram no tempo.

Pois o amor é o elo das eras,

e o perdão, seu mais puro templo.

Falo com doçura, não por convenção,

mas porque a dor ensinou-me a mansidão.

Prefiro calar do que ferir, prefiro chorar...

do que fazer alguém cair.

Que minha voz seja cura,

meu silêncio — oração.

E se houver justiça no infinito,

que ela venha pela compaixão.