A Costura Invisível da Alma e do Dom

As pessoas que se dedicam àquilo que expressa o seu dom maior costumam atrair — infelizmente — muita inveja. E o mais doloroso: ela vem, sobretudo, dos mais próximos. Talvez porque enxerguem no outro algo que brilha, mas não saibam encontrar em si mesmos um valor que os represente. Quando, na verdade, o melhor caminho seria se descobrir.

Os escritores — assim como todos os que têm vínculo profundo com a arte — vivem pela inspiração. E essa inspiração não é técnica, é contato anímico, transcendental. Por isso, vivem um pouco fora do mundo, com a alma voltada ao invisível. É uma essência espiritual que pulsa no que escrevem — e isso incomoda. Porque é ali que reside o verdadeiro poder.

Todas as almas encarnadas no plano material estão, em essência, em busca da própria missão. Mas nessa sociedade moldada pelo materialismo, há uma dificuldade crônica em viver de verdade aquilo que se sente. Sentimento, para muitos, é visto como fraqueza — quase como uma tolice. É um erro que empobrece a experiência humana.

Algumas pessoas me perguntam: — “Mas o que isso tudo te traz de bom? De produtivo?” Na verdade, o que elas querem saber é: “Traz dinheiro? Poder material?”

E eu respondo com serenidade: — “Não estou em busca disso. Sei que preciso, e sim, gostaria de conquistar recursos. Mas jamais deixarei de cumprir o meu verdadeiro trabalho — aquele que faz sentido para a alma — por falta de valores monetários.”

People who dedicate themselves to what expresses their greatest gift often attract—unfortunately—a great deal of envy. And the most painful part: it comes, above all, from those closest to them. Perhaps because they see something that shines in others, but don't know how to find within themselves a value that represents them. When, in truth, the best path would be to discover oneself.

Writers—like all those with a deep connection to art—live for inspiration. And this inspiration isn't technical; it's a soulful, transcendental connection. Therefore, they live somewhat outside the world, with their souls turned toward the invisible. It's a spiritual essence that pulsates in what they write—and this is disturbing. Because that's where true power resides.

All souls incarnated on the material plane are, in essence, in search of their own mission. But in this society shaped by materialism, there's a chronic difficulty in truly living what one feels. Feeling, for many, is seen as weakness—almost foolish. It's a mistake that impoverishes the human experience.

Some people ask me: "But what good does all this bring you? What productive things does it bring you?" What they really want to know is: "Does it bring you money? Material wealth?"

And I calmly answer: "I'm not looking for that. I know I need it, and yes, I would like to acquire resources. But I will never stop doing my true work—the one that makes sense to my soul—because of a lack of monetary value."