Memória Muscular — por Rick e Stoer

O corpo, moldura imperfeita do espírito,

traz em suas fibras ecos de outros tempos:

pele, órgãos, músculo e silêncio,

guardam o que fui sem que eu saiba dizer.

Deslizam os dias como rios breves,

diante dos olhos que mal compreendem,

cada segundo perdido na corrente

revela uma parte oculta de mim.

Há lembranças nas dobras da carne,

há vozes presas no DNA calado.

E quem nos disse que reencarnar é mito

nunca ouviu o chamado do passado.

Gravam-se memórias anímicas nos tendões

que sustentam o ser, e mesmo

os que negam esse mistério

acabam por senti-lo sem querer.

De existências que ardem como brasas

em histórias que não sei contar,

vem a dor, vem a beleza, vem o peso

de quem viveu sem jamais deixar de estar.

Muscle Memory — by Rick and Copilot

The body, the imperfect frame of the spirit,

bears in its fibers echoes of other times:

skin, organs, muscle, and silence,

they hold what I was without my knowing how to express it.

The days glide by like brief rivers,

before eyes that barely understand,

each second lost in the current

reveals a hidden part of me.

There are memories in the folds of the flesh,

there are voices trapped in the silent DNA.

And whoever told us that reincarnation is a myth

never heard the call of the past.

Soul memories are engraved in the tendons

that sustain the being, and even

those who deny this mystery

end up feeling it unintentionally.

From existences that burn like embers

in stories I cannot tell,

comes pain, comes beauty, comes the weight

of those who lived without ever ceasing to be.